Partida comentada MF Aranha x MI Villalba

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(1) Aranha,Álvaro (2270) – Villalba,Marcelo (2199) [D36]

Magistral Hebraica (8), 10.01.2013

Neste segundo artigo sobre a importância dos clássicos, mostro como a falta de conhecimento em uma esquecida variante do Gambito da Dama, praticamente me custou as chances de uma norma de MI que estava bem próxima no momento em que a partida foi jogada. O inventor da ideia usada contra mim nessa partida foi um dos meus ídolos no xadrez, Erich Eliskases. Entre as contribuições desse Grande Mestre austríaco está a obra “Jogo de Posição”, obrigatória para qualquer enxadrista que quer melhorar o seu entendimento do jogo. Um fato curioso que descobri recentemente é que Eliskases nasceu no mesmo dia que eu, com 63 anos de diferença em 15 de fevereiro de 1913, na cidade de Innsbruck, na Áustria.

Um belo livro escrito sobre Eliskases se chama “Caballero del Ajedrez” e foi escrito pelo seu discípulo, o MI argentino Guillermo Soppe. O mesmo Soppe que aperfeiçoou e aplicou com maestria a ideia criada por Eliskases como veremos em exemplos citados durante a minha partida. Para falar a verdade, o justo seria chamar a variante de Soppe/Eliskases! O fato curioso é que eu vi quase todas as partidas do livro e não li um artigo no final , que trata extensivamente da variante Eliskases! Só me dei ao trabalho de consultar para escrever esse artigo quando então achei o estudo…! Moral da história: Não basta ter os livros, tem que lê-los e até o final! 🙂 Deixo vocês agora com mais um exemplo da importância do conhecimento dos clássicos!

1.d4 Nf6 2.c4 e6 3.Nf3 Aqui convido meu adversário para jogar uma Ínndia da Dama ou uma Bogoíndia. Se soubesse que ele iria jogar o Gambito da Dama, teria jogado a ordem com 3.Cc3, mas a verdade é que não queria entrar na Nimzoíndia. [3.Nc3 d5 4.cxd5 exd5 5.Bg5 Be7 6.e3 c6 7.Qc2 Nbd7 8.Bd3 (8.Nf3 Nh5!? 9.h4!? h6 10.Bxe7 Qxe7 11.g4 Nhf6 12.Rg1 Nb6 13.g5 hxg5 14.hxg5 Ne4 15.Nxe4 dxe4 16.Nd2 Bf5 17.Bg2 Qxg5 18.0–0–0 Qe7 19.Bxe4 Bxe4 20.Qxe4 g6 21.Rh1 Rxh1 22.Rxh1 Qxe4 23.Nxe4 Ke7 24.Nc5 Rb8 25.Kd2 Nd7 26.Nd3 Kd6 27.Rh4 b6 28.b4 a5 29.bxa5 bxa5 30.Rh7 f6 31.Rh6 Rg8 32.Nf4 Rb8 33.Kc2 c5? (33…g5!? 34.Nh5) 34.dxc5+ Nxc5 35.Rxg6 Ke5 36.Rg4 Kf5 37.Rh4 Rc8 38.Nd3 Ne4+ 39.Kb2 Rb8+ 40.Ka3 Nd2 41.Ka4 Rc8 42.Rh5+ Kg4 43.Rxa5 Rc3 44.Rd5 Ne4 45.Kb4 Rc8 46.a4 Rb8+ 47.Kc4 Rc8+ 48.Kd4 Nd2 49.Nc5 Nf3+ 50.Kc3 Ne5 51.f4 Nc6 52.Rd6 Ne7 53.Kb4 Kf3 54.f5 Nxf5 55.Rxf6 Kg4 56.e4 Nd4 57.a5 Nc6+ 58.Kb5 Nxa5 59.Ra6 1–0 Taimanov,M-Eliskases,E/Buenos Aires 1954/MCL/[ChessBase])

8…Nh5 9.Bxe7 Qxe7 10.Nge2 Nb6 Novamente aparece o lance usado pelo meu adversário na partida. 11.0–0 g6 12.Na4 Nxa4 13.Qxa4 0–0 14.b4 a6 15.Rfe1 Ng7 16.Qb3 Bf5 17.Bxf5 Nxf5 18.a4 Nd6! Controlando b5 e namorando c4! 19.Nc3 1/ 2–1/2 Donner,J-Eliskases,E/Beverwijk 1959/MCL]

3…d5 4.Nc3 Nbd7 5.cxd5 exd5 6.Bg5 Be7 7.e3 c6 8.Bd3 0–0 9.Qc2 Re8 10.0–0 [10.0–0–0!? talvez seja a chance das brancas contestarem o plano negro.]

10…g6 Como ressalta Soppe no excelente livro “Caballero del Ajedrez” essa jogada é citada como novidade na partida Izeta-Andersson, Informador 43, sendo que foi jogada por Eliskases em 1951! [10…Nf8 11.Rab1 g6 (11…a5! Foi a tentativa do grande Kasparov em um match de Blitz que jogou com a sua asa negra: Vladimir Kramnik. 12.a3 Bd6 13.Rbe1 Bg4 14.Nd2 Bh5 15.f4 h6 16.Bh4 Bg6 17.f5 Bh7 18.h3 N8d7 19.Nf3 b5 20.e4 b4 21.e5 bxc3 22.exd6 Rxe1 23.Rxe1 cxb2 24.Qxb2 Rb8 25.Qc3 Qb6 26.Bxf6 Nxf6 27.Rb1 Qxb1+ 28.Bxb1 Rxb1+ 29.Kh2 Bxf5 30.Ne5 Kh7 31.Nxf7 Be4 32.Ne5 Rb7 33.Kg1 a4 34.Nxc6 Rb3 35.Qd2 Rxa3 36.Ne5 Ra1+ 37.Kh2 a3 38.d7 Nxd7 39.Nxd7 Rb1 40.Nc5 Rb2 41.Nxe4 Rxd2 42.Nxd2 a2 43.Nb3 Kg6 44.Kg3 Kf5 45.Kf3 h5 46.g4+ hxg4+ 47.hxg4+ Kg5 48.Kg3 g6 49.Na1 Kf6 50.Kf4 Kf7 51.Ke5 1–0 Kramnik,V (2780)-Kasparov,G (2815)/ Moscow 1998/CBM 067 ext)

12.b4 Ne6 13.Bh4 Ng7?! 14.b5 Agora as brancas nã abrem a coluna “a” e dessa maneira ficam com a torre passiva em a8. 14…Bf5 15.Bxf5 Nxf5 16.Bxf6 Bxf6 17.bxc6 bxc6 18.Na4!± Rc8 19.Nc5 Re7 20.Qa4 Nd6 21.Qa6 Profilaticamente evitando trocas que aliviariam as pretas na coluna “b”. 21…Qc7 22.Rb3 Bg7 23.Rfb1 f5 24.g3 Rce8 25.Nd3 Qc8 26.Qxc8 Rxc8 27.Rb8 Ree8 28.Rxc8 Rxc8 29.Nd2 Kf7 30.Rb3 Rc7 31.Nc5 Ke7 32.Kf1 g5 33.Ke2 f4? As pretas que estão asfixiadas tentam contrajogo ativo, mas só aumentam as debilidades. 34.g4 fxe3 35.Rxe3++- Kf7 36.Ne6 Rc8 37.Nxg5+ Kg8 38.Ne6 Nb5 39.Nxg7 Kxg7 40.Nb3 Rc7 41.f4 h5 42.h3 hxg4 43.hxg4 a5 44.a4 Nd6 45.Nc5 Rf7 46.f5 As brancas tem uma posição de completa dominação sem contrajogo para o preto. 46…Nc8 47.Re8 1–0 Aranha Filho,A (2302)-Santiago, Y (2238)/Rio de Janeiro 2011 [Modéstia a parte, uma partida modelo no tema ataque da minoria.]]

11.Rab1 Iniciando a ideia típica das brancas nesse tipo de posição e iniciando o plano do ataque da minoria com b4,b5

11…Nh5!? O ínicio de um profundo plano que ,na minha opinião traz igualdade para as pretas.

12.Bxe7 Qxe7 13.b4 a6 14.a4 [14.Na4 Essa partida entre Najdorf-Soppe era a partida conhecida pelo meu adversário. Como veremos “El Viejo” não passou perto de conseguir vantagem. 14…Ng7 15.Nc5 Nb6 16.a4 Bf5 17.Nd2 Bxd3 18.Qxd3 (18.Nxd3 Nf5 19.a5 Nc8 20.Qc3 Ncd6 21.Rbe1 h5 22.Re2 h4 23.h3 f6 24.Rfe1 Nb5 1/2–1/2 Najdorf,M (2460)-Soppe,G (2420)/Buenos Aires 1991/EXT 1998)

18…Nf5 19.a5 Nc8 20.Rbe1 Ncd6 21.Re2 Nb5 22.Ndb3 Rad8 23.f3 Qc7 24.g4 Ng7 25.e4 dxe4 26.Rxe4 f5 27.gxf5 gxf5 28.Qc4+ Kh8 29.Rxe8+ Rxe8 30.Nd3 Ne6 31.Kh1 Qg7 32.Rg1 Qf6 33.Ne5 Nbxd4 34.Nd7 Qh4 35.Ne5 Nessa partida vemos como um jogador de 200 pontos a menos empata fácil com um forte GM russo. 35…Qf6 36.Nd7 Qh4 1/2–1/2 Kharlov,A (2638)-Kalygin,S (2449)/Tula 2002/CBM 087 ext]

14…Nb6! Um ótimo lance criado pelo grande Eliskases e aperfeiçoado pelo MI argentino Guillermo Soppe. A ideia das pretas é provocar o a5 e acabar com o tradicional atque da minoria feito pelo branco com b5.

15.a5 [15.b5 axb5 16.axb5 c5! 17.dxc5 Qxc5 E nessa posição a atividade das pretas e a colocação das peças faz com que o peão de b5 seja mais preocupante que o de d5. A seguir mostrarei a partida “mãe” da variante jogada em 1951no zonal de Mar Del Plata entre Pedro Martin-Erich Eliskases. Ao leitor interessado em saber mais sobre a posição recomendo duas partidas modelo: Evans-Eliskases Havana 1952 e Nedilsky-Soppe Buenos Aires 2002. 18.Rfc1 Bg4 19.Ne2 Qxc2 20.Bxc2 Bxf3 21.gxf3 Rec8 A atividade das torres pretas já lhes confere alguma vantagem. 22.Nd4 Nf6 23.Ra1 Rxa1! 24.Rxa1 Nfd7! A ideia é poder defender com Cc5 um eventual Ta7 25.f4 Rc4 26.Kg2 Nc5 27.Ra7 Kg7 28.Bd1 Rb4 29.f5 Rb2 As negras estão perigosamente ativas. É admirável com que harmonia Eliskases coloca as peças, lembrando muito o estilo de Smyslov. 30.fxg6 hxg6 31.Bc2 Kf6 32.Ra1 Nc4 33.Rb1 Ra2 34.Kg3 Nd2 35.Rc1 Nce4+ 36.Kg2 Nd6 37.Rd1 N2c4 38.Kg1 Rb2 39.Rb1 Única para evitar a queda do peão de b5. 39…Rxb1+ 40.Bxb1 Ne4 41.Kg2 Ke5 42.Bd3 Kd6 43.Bxe4 dxe4 44.Kg3 Ke5 45.Ne2 Nd6 46.Nc3 f6 47.h4 Nf5+ 48.Kh3 Ng7 49.Kg3 f5 50.f3 Nh5+ 51.Kf2 Nf6 52.Ne2 Nd5 53.Nc1 Nc3 54.fxe4 Kxe4 As brancas abandonaram. Um trabalho de escultor do grande Eliskases!; 15.Rfe1 Um lance lógico, mas que também não impõe grandes problemas para as pretas como Soppe demonstra nessa partida conta o GM brasileiro Jaime Sunye Neto, nos Regionais de São Bernardo em 1999 15…Bg4 16.Nd2 Rad8 17.a5 Nc8 18.f3 Be6 19.Nb3 Nd6 A casa ideal para o cavalo! 20.Nc5 Bc8 21.Rbd1 f5 22.Qf2 Rf8 23.Bc2 Rde8 24.Bb3 Kh8 25.Qd2 Nf6 26.N3a4 g5 27.Nd3 Rg8 28.Nac5 g4!? As pretas começam a jogar de forma ambiciosa… 29.Qf2 g3 30.hxg3 Nh5 31.Nf4 Nxg3 32.Ncd3 Qh4 33.Nh3 f4! Agora as pretas arrematam a partida. 34.Ndxf4 Ref8 35.Kh2 Rxf4! 36.exf4 Bxh3 37.gxh3 Qxf4 Bela demonstração técnica do MI argetntino.]

15…Nd7 Nessa posição meu adversário ofereceu empate. Eu não poderia aceitar de qualquer maneira, pois uma vitória nessa partida me deixaria com a norma de MI quase feita, mas a verdade,é que por falta de conhecimento dessa ideia do Elisskases achei que estava simplesmente muito melhor e achei que Cb6 era um improviso do meu jovem adversário.

16.e4 Achava que uma rápide ruptura no centro seria o melhor modo de aproveitar a minha vantagem em desenvolvimento, mas,a verdade é que a posição já está igualada! [16.Rfe1!? f5]

16…dxe4 17.Nxe4 Ndf6! Simplificando a posição. Agora se as pretas trocarem algumas peças, ficarão melhor, pois o que vai sobrar são as debilidades em d4,b4.

18.Rfe1 Nxe4 19.Bxe4?! Ainda otimista jogo um ambicioso lance,mas era hora de buscar igualar. [19.Rxe4 Be6 20.Bc4 Qd6 21.Bxe6=]

19…Be6 20.Qc5!? Uma ideia interessante que é colocar a dama em b6 e criar problemas para o preto na ala da dama.Trocar as damas obviamente favoreceria o branco que tomaria com o peão de b e pressionaria b7.

20…Rad8 21.Qb6 Aqui comecei a cogitar a interessante ideia de jogar b5!? e se toma de “c”, cai em b7 e se toma de “a” a6!.

21…Nf6! Melhorando a peça e evitando o meu b5.

22.Rbd1 [22.b5 axb5 23.a6 Nxe4µ]

22…Rb8 [22…Nxe4 23.Rxe4 Rd5 24.Re5 f6³]

23.d5!? A melhor alternativa para as brancas que se vêem livre do seu PD isolado.

23…cxd5 24.Bd3!?„ Preferindo jogar por compensação,a entrar em um final com cara feia. [24.Bxd5 Apesar de não ter boa cara também levava ao empate, conforme com toda sua frieza mostra o computador. 24…Nxd5 25.Rxd5 Bxd5 26.Rxe7 Rxe7 27.Qd6 Rbe8 28.h3 Bxf3 29.gxf3 Re6 30.Qc5 E o Houdini garante que as brancas seguram esse final.]

24…Nd7 25.Qd4 Rbc8 [25…Qf6 26.Qa7?! Bg4µ; 25…Qf6 26.Rc1!©]

26.Rc1 Rxc1 27.Rxc1 Qd6 Aqui apesar do peão a mais a posição é equilibrada graças à boa harmonia das peças brancas. Uma bela lição da importância do conhecimento dos clássicos que levei do jovem e promissor MI paraguaio! ½–½

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