Entrevista com Cesar Umetsubo
O jovem enxadrista radicado em Florianópolis-SC foi o vice-campeão do Aberto do Brasil de Maringá-PR.
Entrevista de Cesar Umetsubo ao portal Xadrez Total – por Guilherme Moraes
Nome: Cesar Hidmitsu Umetsubo
Cidade: Florianópolis SC
Rating: 2236
Xadrez Total: No recente Aberto do Brasil de Maringá, você fez um excelente torneio, terminando a frente de vários GMs e de todos os demais MIs e MFs . Teve uma preparação específica para esse torneio e qual partida em especial destacaria?
César Umetsubo: Não tive preparação focada ao torneio. Como eu tenho treinado meus alunos, não tem sobrado muito tempo pra mim, mas consigo aproveitar bastante do que leciono para os mais fortinhos.
Eu não planejava jogar o Aberto de Maringá. Meu amigo Kaiser me chamou pra ir com ele, mas ele ficou ocupado e acabei indo sozinho.
Destaco minha partida com Krikor. Acho que foi a maior zebra.
Xadrez Total: Ainda sobre Maringá, como foi derrotar o GM Krikor Mekhitarian?
César Umetsubo: Muito respeito ao GM Krikor, mas pra mim foi “muitio loko”. Never before in the history of my life eu venci um jogador com este título. Quando acabou a partida dei um suspiro… e até me bateu a dúvida se era um sonho do qual eu já iria acordar.
Xadrez Total: Como é conciliar a atividade de presidente do Clube de Xadrez de Florianópolis (CXF) com a carreira de jogador e treinador?
César Umetsubo: Não curto muito administrar coisas, apesar de eu cursar a faculdade de administração. Mas alguém tem que cuidar do clube, né? Prefiro jogar e dar aulas.
Xadrez Total: Como se deu seu desenvolvimento no xadrez, e como foi sua transição com relação ao xadrez, e a trocar de cidade, de Jacareí-SP por Florianópolis-SC.
César Umetsubo: Meu desenvolvimento se deu acompanhado de domínio do centro e proteção do rei. To brincando…
Bom, comecei em 1991, aos 7 anos. Ao longo da minha infância, aprendi com ajuda de muitos mentores. Os mestres com os quais treinei por mais tempo foram Ivan Balducci, MI Hélder Câmara e MI Pelikian.
Em 2000, aos 16 anos, eu parei de jogar por causa do vestibular e também porque fiquei triste com algumas coisas. Só em 2003 passei no vestibular e fui fazer faculdade no Rio de Janeiro…
Não gostei do estilo de vida de lá. Em 2009 Me mudei pra Floripa.
Lá, conheci ao acaso Pomar e Brandão no CXF. Simpatizei com a causa deles e me uni à luta pelo JASC. Voltei ao xadrez com outro animo e com saudades dos amigos enxadristas.
Xadrez Total: Qual sua opinião com relação ao desenvolvimento do xadrez na sua cidade, estado, e no país. Quais pontos pode-se melhorar o que pode ser mantido.
César Umetsubo: O xadrez em Floripa é praticado em alguns pontos da cidade, como no CXF, na UFSC e no Senadinho. O bom ambiente do CXF felizmente foi recuperado pela gestão de Marcelo Pomar, com ajuda importantíssima de sua equipe.
Eu como enxadrista catarinense agradeço célebres atores sociais como Martim, Gilson e Kaiser. São vítimas de fortes críticas mas muito se esforçaram e ainda muito fazem pelo xadrez estadual.
Muitos mestres e professores têm ótimo trabalho de base em SC. Eles conseguem apoio municipal local, criam centros de treinamentos e conseguem juntar uma molecada bem numerosa! Eu tiro o chapéu. Em Floripa, por exemplo, a Fundação Municipal de Esportes tem ajudado muito apoiando o xadrez local.
Não tenho muito conhecimento do xadrez no Brasil todo, mas conheço estados que passam maus momentos. Não tenho a solução para estes males, mas um início é reconhecer as deficiências.
Acho que os eventos de xadrez precisam buscar um caráter de “espetáculo”. Percebo que a visibilidade é maior em torneios por equipes, torneios rápidos, com telão, comida e comentarista. Com isso, pode ficar mais fácil conseguir divulgação em massa e patrocinadores.
Xadrez Total: Como é sua rotina de treinamentos? E quais seus principais objetivos no xadrez daqui pra frente?
César Umetsubo: Preparar as aulas dos alunos, ler livros, assistir Yermolinsky, jogar e analisar partidas. Meus principais objetivos são terminar a faculdade, alcançar 2300 pra obter o título de MF, fatalmente perderei rating em SC, e depois vou treinar muito pra conseguir força de MI.
Xadrez Total: Que livros de xadrez marcaram sua formação, e quais você indicaria para quem quer evoluir?
César Umetsubo:
Os que me marcaram eu também os indico:
– Zurich 1953 – Bronstein
– Manual de Xadrez – Nunn (em português foi mal traduzida, mas o livro é bom)
– Estratégia Moderna no Xadrez – Pachman
– Jogue, Pense e Treine como um GM – Kotov
– Endgame Strategy – Shereshevsky
– Treinamento de Elite – Yusupov e Dvoretsky
– A Arte da Guerra – Sun Tzu
Xadrez Total: Quem é seu treinador e quem são seus alunos de maior destaque?
César Umetsubo: Hoje treino sozinho. O GM Matsuura me ajuda de vez em quando. Não quero revelar os alunos de destaque para não ficarem se gabando.
Xadrez Total: Quais atividades você realiza fora do xadrez?
César Umetsubo: Não sou bom exemplo. Por causa das correrias, ando muito durante o dia, mas se não fosse isso, seria um sedentário. Em horas vagas, jogo algum game passatempo, como Dota, e assisto animes, como One Piece.
Everaldo diz que eu deveria fazer exercicios. Sei que há vários enxadristas exemplares, como Acyr, maratonista.
Eu pretendo aproveitar a greve pra voltar a fazer aulas de gaita. Talvez voltar a fazer judô também.
Grande Umetsubo! Nos anos 90 em Santos, em um paulista sub 8, ele com 6 anos apurado no tempo e numa posição parecida com esta contra um aluno meu de Osasco:
Brancas: Rg1, Pg2, Ta7, Tc1 e Pretas: Rh6, Pg5, Pe3
– Cesar jogou g4!! seguindo Tc6 mate. Nesta idade todos jogariam xeque com a torre em c6. Na época falei para o pai que este lance demonstrava que o menino tinha futuro no xadrez. Que venham logo os títulos de MF e MI. Abraços!